quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Legalização do interrupção voluntária da gravidez versus políticas de natalidade

Um assunto complexo que possibilita a busca justificada de inúmeras razões a favor e contra, embora eu esteja convicto que ninguém é favorável ao acto em si, mas todos deviamos ser tolerantes e olhar caso a caso. Certamente, os mais defensores da vida (talvez uma palavra díficil de definir e que eu me pergunto o que será a vida?), achem que é um dom divino e que nós não temos o direito de decidir perante “alguém” que não pode escolher. Diria que têm toda a razão. Se reflectir mais um pouco começo a ter dúvidas... e porque não dar a liberdade a alguém que não deseja ser mãe? Que por algum motivo não deseja ter uma criança. Será que a sua vontade deve prevalecer?
Pretendo com isto chegar à seguinte permissa: se existir um estabelecimento de políticas visionárias de apoio à natalidade que permitam a cada individuo que nasce, tenha acesso aos meios de suporte para o desenvolvimento pleno das suas capacidades podemos cativar um aumento do número de nascimentos, ou seja, apoios directos e indirectos às famílias de modo a que ter filhos não constitua um grande acréscimo das dificuldades financeiras, fomentamos de certeza a curto e médio prazo um aumento do número de nascimentos. Se existirem mais creches, se forem mais baratas, com horários flexiveis já é um começo!! Isto custa dinheiro sem dúvida, mas devemos considerar um investimento.

Todas as medidas devem ser tomadas de forma a travar o envelhecimento da nossa população e de todos os efeitos nefastos que isto trará no futuro.
Seguramente já estamos na fase em que estamos a pensar qual a relação entre os assuntos. Diria que devemos dar sempre liberdade de escolha, reflectir sobre o que as escolhas implicam, e, o mais importante, criar condições para que a escolha da vida seja a mais fácil.
E será que devíamos tentar restringir esta liberdade de escolha? Para mim a liberdade é a capacidade de eu poder escolher sempre, ser soberano sobre o meu corpo e mente.

2 comentários:

  1. Que esse investimento seja em Queluz, onde pululam as creches privadas por falta de oferta pública (a cidade só tem 3 creches).

    Carlos Cerqueira: “em Monte Abraão ter filhos, só pode ter quem tem dinheiro”
    http://queluz.org/2009/09/carlos-cerqueira-em-monte-abraao-ter-filhos-so-pode-ter-quem-tem-dinheiro/

    E já agora que a Carta Educativa do concelho de Sintra seja pública e fique publicada na Internet. Só assim todos nós, cidadãos, podemos acompanhar as políticas de natalidade.

    LR

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  2. Em relação à definição de vida; estar vivo é, de forma extremamente leiga, ser capaz de efectuar trocas com o exterior. Um embrião está obviamente vivo.
    Para mim, a escolha faz-se antes. O casal escolhe usar preservativo ou não, escolhe tomar a pílula, ou não e a mulher tem 3 dias para escolher tomar a pílula do dia seguinte, ou não. A partir do momento em que o teste de gravidez acusa positivo, a escolha deveria limitar-se a: "criar" ou não.
    O argumento de que "sempre se fez e vai continuar a fazer-se" não é dos mais racionais. Desde que há armas de fogo que há gente aos tiros e nem por isso se legaliza o homicídio. Por outro lado, se estamos a falar de escolhas, porque não falar do direito de escolha do pai? O que acontece, de acordo com a actual lei, se a mãe quiser abortar mas o pai quiser ter a criança?
    A lei aprovada é, a meu ver, um facilitismo barato. Ao invés de investir em educação sexual, desburocratização do processo de adopção, despenalização moral da mulher que entrega uma criança para adopção, etc. preferiu-se a solução "fácil" de terminar com a vida que começa.
    Não se trata de uma questão moral ou religiosa. Trata-se do sentimento errado de pertença em relação a um ser humano que, por definição aceite no mundo moderno, é livre! Um ser humano não pertence aos pais, pertence a si mesmo e deve ter a sua oportunidade no mundo.

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