quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Inevitável Resposta

Na passada semana fui "vítima" de uma atitude pouco democrática e, até, agressiva, por parte da Presidente da Junta de Freguesia do Monte Abraão.
Apesar de considerar o assunto pouco político e nada partidário, já que a Sra. Fátima Campos o tentou levar para esse lado, deixo aqui a minha resposta pública a todas as questões levantadas. Sublinho, no entanto, que a posição abaixo é pessoal.

Muitos foram os temas sobre os quais a minha opinião se foi alterando ao longo da vida. Alguns permaneceram imutáveis desde que me lembro de "pensar": sou contra o aborto e, claro está, sou profundamente contra a pena de morte. Creio que a nenhum indivíduo deve ser dado o direito de efectuar julgamentos que impliquem a morte do julgado, independentemente do crime em causa.
Esta é a opinião fácil de uma jovem nascida no pós 25 de Abril, educada sob princípios de liberdade democrática e moralismo cristão moderado.
Um outro princípio do qual não abdico é o da soberania do Estado independente. Enfureceu-me a invasão do Iraque. Enfurece qualquer um e, por isso, foi fundamentada em falsas premissas. Portugueses libertaram Portugal da ditadura. Portugueses colocaram o Comunismo no poder e portugueses perceberam que era chegada a altura de o substituir pela Democracia. Como teria sido para o nosso ego patriótico se outros o tivessem feito por nós? Se outros tivessem travado as nossas batalhas? Se ainda assim, o valor que damos à liberdade se espelha na taxa de abstenção... Quem culparíamos e contra quem nos revoltaríamos, se nem sequer tivessemos aprendido a revoltarmo-nos?
Fomos pioneiros na abolição da pena de morte e, ainda assim, fizemo-lo há pouco mais de cem anos. Países ditos desenvolvidos (as tais potências de que a Dona Fátima Campos fala) ainda não o fizeram. O voto feminino, a abolição da escravatura, etc. são tudo dados adquiridos hoje, mas que foram conquistados de forma difícil e há relativamente pouco tempo.
Todas as culturas estão em evolução; a civilização está em lenta, mas constante evolução. Há uns anos, a Oprah (eu sei... ) entrevistou uma jovem iraquiana da minha idade, que me fez reflectir. Era uma rapariga sortuda; filha de pais abastados e algo modernos que fizeram questão de lhe providenciar educação superior. A determinada altura, a Oprah pergunta-lhe como é possível as mulheres iraquianas não se revoltarem pelo direito ao voto. Como era possível ela, tão instruída e bem-falante, aceitar que, apenas por ser mulher, não poderia votar? A iraquiana respondeu, com um sorriso, que era precisamente esse o problema dos norte-americanos - exigem que as alterações sejam bruscas. Para ela, não fazia qualquer sentido as mulheres não poderem votar, mas também não tinha a mínima dúvida de que o processo de evolução estava em marcha e que, dentro de cerca de vinte anos, a realidade seria bem diferente. Sem revoluções e sem invasões (é claro que, entretanto, as tais grandes potências meteram o bedelho... o resto já se sabe).

Quanto à Sra. Dona Fátima Campos, tenho perfeita noção de que não me excedi nos comentários que fiz. É claro que ela não é obrigada a entrar em discussões ou a ver no seu mural opiniões díspares da sua. Mas, qualquer político que se preze, aprecia uma boa discussão. Surpreendia-me (mas não me ofendia) que a senhora tivesse apagado os meus comentários. Agora, manter os comentários e bloquear quem os fez é feio, porque impede a continuação da discussão encetada. Mais feio ainda foi o bloquear-me mas continuar a interpelar-me, pois parece a quem vê que eu fugi à discussão. Igualmente feio foi o tentar insultar-me utilizando a minha idade. Mas isso, já estou habituada; parece que é típico da "esquerda".

De qualquer forma, a Dona Fátima Campos ultrapassou tudo quando deu a entender que eu não respondia às provocações dela porque não queria... quando começou a falar de partidos e mencionou a minha idade. Enfim, é a democracia que temos no Monte Abraão.

4 comentários:

  1. Grande Helena, é assim que a juventude mostra a sua opinião visto que os mais velhos apenas sabem dizer que nada sabemos... Cada um tem direito à sua opinião e cada pessoa deve respeitar o seu proximo, tentar perceber o porquê das suas opiniões, deve saber ouvir.. pelo visto algumas pessoas apenas sabem dizer que nada sabemos...
    Estou contigo ;)

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  2. Só queria deixar o meu apoio e solidariedade a Helena Coelho mas não queria deixar de comentar o seguinte...
    Parece que para a Sra. D. Maria de Fátima Campos, o poder lhe deu a volta a cabeça. Já que a mesma senhora se encontra no fim de mandato e estou a ver que está a sentir o poder a fugir pelas mãos, porque o partido que a Senhora representa é que criou a limitação dos mandatos autárquicos. Mas também observo que na freguesia do Monte Abraão existe uma DITADURA imposta por essa senhora! Aliás no dia seguinte a estes incidentes, a senhora foi sequestrada no seu gabinete (que por coincidência foi à mesma hora em que foi votado o Orçamento de Estado em que eu estive presente) contra um Campeão Nacional e Mundial de artes marciais! O mesmo cidadão foi alvo de agressões policiais como documenta o Correio da Manhã e no sítio da internet da TVI24, porque a Senhora Dona Maria de Fátima Campos agarra sempre no telemóvel e liga para o seu amigo Comissário da PSP de Sintra para prender os que reclamam por um simples documento para esclarecer algumas lacunas.
    Ela não sabe o que faz... Reclama contra a REN com os postes de alta tensão que não pertence ao território da Freguesia do Monte Abraão mas sim da Freguesia de São Marcos!
    Acho que o valor da democracia está no respeitar nas opiniões e não violar os princípios básicos de cidadania! Aliás essa senhora coloca o Partido Socialista a cima dos cidadãos e não os cidadãos a cima do Partido como essa senhora profere!
    Mais digo, eu já estava para intervir na Assembleia de Freguesia do Monte Abraão (mas pelos vistos vou apresentar a denuncia na Assembleia Municipal) e questionar quem é o Gestor de Conteúdos da Junta de Freguesia do Monte Abraão e com que autoridade têm de colocar um documento de um Conselheiro Nacional do Partido Socialista por causa da «Absolvição do Sr. Primeiro-Ministro sobre o Caso Freeport» no perfil de Facebook? Lá está, o Partido a cima dos cidadãos... As Juntas de Freguesia são supra-partidárias e não faz sentido um documento que têm haver com a vida de um partido tem de ser colocado no espaço público de uma Junta de Freguesia!...
    É por isso que reina a DITADURA em Terras de Antas...

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  3. Têm muita razão! Obrigada pelos vossos comentários :)

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  4. Não tenho o desprazer de conhecer a Senhora de Fátima Campos, mas tinha visto esta sequência de comentários. Porque tive o prazer de conhecer a Helena Coelho, e sei que é uma mulher inteligente com um grande sentido democrático, não precisava de ler esta resposta para perceber a posição da Helena.
    É uma opinião pessoal, que se concorde ou não deve ser respeitada. Discutida como tudo deve ser em democracia mas sempre respeitada.
    Só lamento que a opinião da Helena seja uma opinião minoritária, e que pessoas como a Sra de Fátima Campos tenham afastado os jovens da política e que os que estão na sua maioria, ao contrario do que aqui vi não pensem pelas suas cabeças.
    Bravo Helena.

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