segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cantinhos




Anda aí uma grande febre!... Toda a aldeia quer ser vila, toda a vila quer ser cidade, toda a cidade quer ser concelho... Porquê?!

As localidades não se medem pelos epítetos, da mesma forma que "os homens não se medem ao palmos".

A esquerda também não ajuda. Tenta acabar com a tradição, com a comunidade, com a igreja e desvirtua o conceito de "a minha terra" que a nível das relações inter-pessoais funciona melhor do que o "a minha cidade". Na minha terra devia haver um centro de saúde novinho, mas na minha cidade já há, 2... Na minha terra devia haver festas e arraiais que aproximassem os vários estratos sociais da... "cidade?!"

Viver numa cidade é viver num local grande e confuso com demasiada gente. Viver numa cidade é não conhecer o vizinho, não ir à associação depois de jantar, não ir à igreja ao Domingo e almoçar em casa da avó, não apanhar "a fresca" à noite. Ninguém me perguntou se eu queria viver numa cidade, porque a minha resposta seria não. Não queria viver nesta cidade onde o centro de saúde fica numa ponta e os velhinhos noutra; onde não há lares de idosos e as pessoas têm vergonha de ir à igreja ao Domingo; onde as associações são pobres e não há desporto; onde as pessoas cada vez menos se conhecem e fazem compras no hipermercado. Não nasci numa cidade e não mudei de residência.

A esquerda em Queluz está de parabéns. Está a conseguir acabar com a burguesia e com ela vai-se a inteligência, a diferenciação, a qualidade de vida, a tradição, o sentimento de lar. Está a acabar com tudo o que conhecemos e amamos. Mas, também essa esquerda, é composta por burguesia. É toda uma "comunidade ideológica" a suicidar-se e a levar outros com ela, a acabar com a nossa Queluz.

Não desfazendo, Queluz não é Oeiras nem Carcavelos, não é Benfica nem a Amadora... Queluz é terra de nobres e de criativos, de escritores, de pintores, de políticos e boémios. Esqueceram-se? Estão a tentar fazer com que nos esqueçamos?

O país é um conjunto de regiões, as regiões conjuntos de distritos, os distritos conjuntos de municípios, os municípios conjuntos de freguesias e as freguesias conjuntos de bairros. Cuidemos, cada um, bem do seu bairro, e o nosso país, a nossa pátria, será melhor!

Todos os anos assistimos às comemorações da "elevação" de Queluz a cidade. Gasta-se mais na freguesia de Queluz em festas e iluminação de Natal que se gasta em acção social.
Não quero viver numa cidade nem numa sede de concelho. Quero viver num sítio bonito, agradável e amigável, com identidade própria. Quero viver numa "terra" e não num dormitório. Queluz não é um dormitório, não vamos deixar que a transformem em tal.

3 comentários:

  1. Se todos defendêssemos assim a nossas raízes com certeza que os valores das nossa terras se manteriam, com certeza que conheceríamos o nossos vizinhos, com certeza que iríamos à associação, com certeza que teríamos outra qualidade de vida, com certeza que não viveríamos como “estranhos” na nossa cidade… não passaríamos na rua a olhar para o chão, olharíamos em frente a tentar reconhecer a cara que se avizinha.
    Porque Queluz têm os seus encantamentos… mas existem por ai muita cidade/vila/aldeia idêntica a Queluz.
    A ti que defendes a tua “cidade” um bem aja ;)

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  2. Interessante o teu protesto contra a transformação de Queluz em cidade.
    Deliberadamente evito a palavra "elevação" porque, também eu, creio que passar de vila a cidade não engrandeceu esta terra, tão só o ego daqueles que se bateram por isso.
    Queluz tinha, para ser cidade, o duvidoso privilégio de dar casa a dezenas de milhares de desenraízados, atraídos pelo sorvedouro da grande metrópole lisboeta, pela miragem da educação, emprego, saúde, lazer, acessibilidades.
    Tudo o que lhes faltava no interior do país abandonado à desertificação por sucessivas hordas de governantes.
    E Queluz ali tão perto, tão apetecível para os especuladores imobiliários como a autarquia sintrense se mostrou, por décadas, disponível para lhes satisfazer os apetites. Em troca de quase nada, se se levar em conta a monstruosa factura social que ficou para a posteridade.
    Depois, para ser uma cidade, Queluz devia ter comércio, indústria, serviços e instituições públicas e de interesse público implantados num espaço organizado que, de resto, nos falta. Que fixassem a população nos seus limites, ali podendo aspirar a condições estáveis de vida, em segurança e conforto. Sem os sobressaltos da criminalidade nem o desespero do trânsito caótico. De cidade, Queluz já tem o título. Agora... venha a cidade.

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  3. Isto é revelador de uma «queixa» (se bem posso dizer) sobre Queluz. É isso que tenho medo, que Queluz se torne uma continuação da Cidade de Lisboa com pessoas que só estão aqui para dormir e não para conviver com os cidadãos de Queluz.
    Basta de vergonhas, eu amo Queluz e faço dela um local para se viver, conviver e sobretudo desenvolver raizes.

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