quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A mediocridade no exercício da política

Muito se tem falado nos últimos dias sobre corrupção, a pretexto de um caso que envolve figuras ligadas ao mundo da política. Segundo consta nos media, houve pessoas que receberam “luvas” para favorecerem um empresário no decurso da sua actividade, tendo este montado um esquema de alcance ainda pouco conhecido.

Perante este caso grave, a resposta da sociedade portuguesa é o silêncio. O cidadão comum há muito que deixou de confiar em quem o representa. E esta desconfiança resulta de factores conhecidos por todos nós. Promessas não cumpridas, nepotismo, falta de rumo e de rigor […] são alguns dos exemplos. Mas no essencial, o cidadão não confia em quem o representa, pois associa a classe política à mediocridade.

Uma mediocridade de ideias, de acção e de concretização. Mas porquê? Será que os eleitos não têm fundamento e capacidade? Ou será que a responsabilidade da presente situação deriva do actual estado dos partidos políticos?

Lembro-me de uma frase de Marcelo Rebelo de Sousa, em que o mesmo “aconselhava os jovens a irem para a política só depois de terem uma profissão”. E provavelmente o problema está aqui. Não com a maioria dos jovens, mas com quem nos governa. Seria interessante perceber e compreender a dependência que a classe política tem, face ao exercício de cargos públicos. O que seria o Sr. X se não fosse deputado? E a Sra. Y se não fosse vereadora? E por aí fora.

Na verdade, a dependência gera vulnerabilidades de variada ordem. E se estivermos a falar numa dependência económica, é fácil perceber como algumas pessoas poderão ficar premiáveis ou reféns de certos interesses ou grupos de pessoas com agenda própria. Julgo que é importante pensar e discutir este tema, numa altura em que Portugal não é mais do que um “Estado exíguo”, sem rumo, sem estratégia e ao sabor de um desígnio desconhecido, onde o mais capaz e o comum, vivem de costas voltadas para quem os representa. (via Psicolaranja)

1 comentário:

  1. Concordo inteiramente! Aliás, isso leva-nos a uma outra discussão, tão antiga como a política it self. Política: uma profissão ou um altruísta hobbie?!

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